domingo, 31 de julho de 2011

júlio dinis e famalicão

Júlio Dinis refere-se a Vila Nova de Famalicão no conto "A Justiça de Sua Magestade", aproveitando a visita da Rainha D. Maria II em 1852. Em 6 de Julho de 1840, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão envia uma petição a D. Maria II para consagrar como Famalicão "Vila", o que tal veio a suceder pela Carta de Lei de 22 de Junho de 1841, sendo presidente do Governo e Ministro do Reino Joaquim António Aguiar. Em 1941 Famalicão realizou as comemorações do Centenário da Elevação a "Vila" em 3 de Agosto e, em 1968, foi inaugurada a estátua de D. Maria II do escultor Barata Feio, encontrando-se hoje na Praça D. Maria II.
















sexta-feira, 29 de julho de 2011

republicanos famalicenses 1913





"Partido Republicano. O Congresso de Aveiro e os Congressista já Inscritos". In O Mundo, Lisboa, Ano 13, n.º 4516 (5 Abr. 1913), pp. 1-2.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

manuel dias gonçalves cerejeira (1873-1899)




Quando em Braga frequentava o Liceu, começo a escrever nos jornais académicos "A Pátria" e "Canto Académico". Promoveu na mesma cidade uma organização estudantil, na qual se realizavam palestras literárias, fundando "A Alma Nova", de combate anti-monárquico e anti-jesuítico.




Em Coimbra, foi um dos fundadores do Cenáculo, revista crítica e literária, sendo também um dos redactores do "Portugal". Foi um dos membros da comissão académica que promoveu a homenagem a José Falcão, da qual saiu a publicação popular "Cartilha do Povo", publicada em Vila Nova de Famalicão mediante uma subscrição pública. As revistas da época anunciavam que Gonçalves Cerejeira tencionava publicar os livros de versos "Canções Vermelhas" e "Alma Rebelde", assim como também um livro de contos. Colaborou em "O Instituto" (Coimbra) e em "A Arte" (Porto). Apenas publicou "Cinzas" (1896), com recepção de Sebastião de Carvalho, na "Nova Alvorada" e de Sousa Fernandes em "O Porvir", e "Os Bohemios" (1898), no ano em que acabou a formatura.





Em Vila Nova de Famalicão colaborou no jornal "O Porvir", publicando aqui as suas famosas "Palavras Vermelhas" e no jornal "Estrela do Minho". " "Semanário Ilustrado" de Lisboa "Branco e Negro", de 29 de Fevereiro de 1898, caracteriza o seu pensamento de seguinte forma: "Hoje, apesar da melancolia em que o seu espírito parece ainda envolto, evolucionado para uma fase mais humana e positiva, fora de todas as escolas pela sua própria individualidade estética e pensante, com uma educação superior, visando o útil e a humanidade, sem nefelibatices, numa linguagem luminosa e alegre como o nosso sol e o nosso vinho, temperado apenas pela sentimentalidade amorosa e aventureira que caracteriza a alma portuguesa, ..."





A Comissão Municipal do Partido Republicano de Vila Nova de Famalicão homenageou Gonçalves Cerejeira em 1909, mais propriamente em 14 de Novembro no Centro Republicano Bernardino Machado, dez anos após o seu falecimento. A homenagenm constou da instalação do seu retrato na nova sede da comissão republicana famalicense, liderada então por Sousa Fernandes, o futuro presidente da Câmara de Famalicãso a seguir à implantação da República em Portugal. Esta nova sede ficava, conforme nos diz o "Estrela do Minho" de 21 de Novembro de 1909, "instalado num prédio contíguo ao Hotel Vilanovense". Considerou então Sousa Fernandes, na abertura da sessão, que Gonçalves Cerejeira "foi um valioso e dedicado partidário", e quem lhe faz emtão o elogio público é o futuro governador civil de braga, logo a seguir à implantação da República, Manuel Monteiro. A seguir à intervenção de Manuel Monteiro, Bernardino Machado proferiu a comunicação "Têm Liberdade os Monárquicos em Portugal?".






Amadeu Gonçalves

Do projecto literário "Dicionário de Literatura Famalicense: século XVIII a XX"







sábado, 23 de julho de 2011

trutas no rio ave

não deixa de ser curiosa a existência de uma "estação aquícola do ave" em famalicão, virada para a produção de trutas. já no século xix, mais propriamente em 1893, o barão de trovisqueira, josé francisco da cruz trovisqueira, chamava a atenção a bernardino machado, então ministro das obras públicas, agricultura e indústria, no governo de hintze ribeiro, para a formação de uma comissão de piscicultura em famalicão, pedindo a machado que intercedesse junto do ministro que a a sua constituição fosse uma realidade no concelho de famalicão.











Sant`Anna Dionísio - "Viveiro de Salmonídeos". In O Primeiro de Janeiro. Porto, Ano 103, n.º 271 (2 Out. 1971), PP. 1, 10.







segunda-feira, 11 de julho de 2011

ser simplesmente povo





Para o Professor João Medina, o “Zé Povinho” é “como uma sinopse da própria mentalidade do povo que o engendrou e nele, através dum (duplo) diminutivo tão revelador, se tornou nosso símbolo, totémico retomado por inúmeros cartoonistas ao longo da monarquia constitucional, da I República e, após a longa vigência da censura ditatorial, ressurrecto após o 25 de Abril, ainda que nos custe aceitar como nosso retrato verídico essa imagem deprimente e incomodamente labrega que nos espreita do fundo do nosso espelho colectivo, aquele rosto bronco de pascácio rural, de campónio mal vestido, barba rala, colete e chapéu preto de rústico, calças de fazenda ruim, mãos nos bolsos, riso alvar, espécie de resignado Sancho Pança sem um cavaleiro da Triste Figuras que o quixotize e lhe comunique um Ideal superior.” Foi nestes termos que o Professor João Medina caracterizou o “Zé Povinho” que no define na conferência com o título “Rafael Bordalo Pinheiro, Criador do Zé Povinho”, no âmbito da exposição que se encontra patente no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, dedicada à vida e à obra do caricaturista português.
Na sua “incursão transcendente”, propôs o Professor João Medina (numa sessão bastante concorrida de público) a explicação, a partir do momento em que a apareceu, o mito do “Zé Povinho” e do seu gesto simbólico numa perspectiva da antropologia social. Tais símbolos, numa linguagem gestual, são símbolos contextualizados psicologicamente, sociologicamente e historicamente. Símbolos históricos, digamos, com uma carga psicológica e sociológica perante um determinado momento social configurado historicamente. Sempre ao lado da história existiram os ditos “parvos” e os “idiotas”, os quais através de parvoíces revelam as verdades: é o caso do bobo medieval, do parvo vicentino ou o nosso “Zé Povinho”, que através de uma linguagem gestual e, neste caso, obscena, promove o estado de espírito e de sítio socialmente revelado. Aliás, o único gesto obsceno do “Zé Povinho” é o manguito, linguagem simbólica tipicamente portuguesa, sendo este o seu gesto mágico, servindo o mesmo gesto para quebrar algo nefasto, o gesto da dissuasão, interpretando-o o Professor João Medina numa perspectiva de edificação sexual masculina, apesar de possuir um mecanismo psicológico complexo que poderá ter várias interpretações. É o gesto do “Ora Toma!” Diz o “Zé Povinho” a Paiva Couceiro: “Ai querias a Monarquia? Ora Toma!” O “Zé Povinho” surgiu pelo lápis de Bordalo Pinheiro na “Lanterna Mágica” em 12 de Junho de 1875. Neste desenho, o que a simbologia caricatural carrega é, precisamente, o problema do fisco, o “Zé Povinho” vítima dos impostos. Por seu turno, o de 1887 é a caricatura face aos políticos e uma vez mais o fisco; o de 1899 é o “Zé Povinho” do desespero, desesperado face ao poder governamental, enquanto que o de 1910 é o da ilusão e da esperança. Citando Ramalho Ortigão, diz-nos o Professor João Medina que o “Zé Povinho” só poderá deixar de ser simplesmente “Zé Povinho”, quando passar a ser simplesmente povo, representando a verdadeira Democracia.
Em 1880 surge uma dialéctica estranha em Portugal, entre o “Camões” dos republicanos e o “Zé Povinho” de Bordalo Pinheiro: sem em “Camões” temos o emblema da Pátria, o totem por excelência literária e histórico-cultural do País, com o “Zé Povinho” deparamo-nos com o País Real. Camões é a transcendência (um Camões que já desde Almeida Garrett o que ria fazer a figura, a voz e o rosto da portugalidade, reatar o próprio feito para ser recordado pela geração futura, isto em 1825, numa altura em que já tinha visto o quadro, em Paris, de Domingos António Sequeira, entretanto desaparecido, e ouvido a música camoneana de Domingos Bom Tempo, renascendo a ideia com a regeneração, pretendendo salvaguardar o tempo da memória, com a inauguração da estátua em 1867, em Lisboa, de Vítor Bastos), o mito da Pátria feita palavra duradoura e eterna; por outro lado, temos o “Zé Povinho”, que é o português real, autêntico, o resignado, a vítima que não faz mal a ninguém, mas que é espezinhado, carregando as “espigas” e as “albardas” governamentais, representando tudo aquilo que ninguém quer, sem utopias, revoltando-se de vez em quando numa explosão de descontentamento. Está simplesmente há espera 136 anos para deixar de ser simplesmente “Zé Povinho” para passar a ser simplesmente povo.

sábado, 2 de julho de 2011

a cultura no opinião pública 20 anos


para o dr. artur sá da costa, pelo quanto a cultura nos uniu numa amizade fraterna de actividades fantásticas, durante mais de vinte anos, ainda trabalhava na biblioteca da fundação cupertino de miranda, o meu abraço fraternal de amizade eterna




A CULTURA NO OPINIÃO PÚBLICA
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Antes de mais nada, tive sempre o grato prazer de colaborar com voluntarismo no jornal “Opinião Pública” desde o seu primeiro momento, particularmente desde o seu número zero. Sá da Costa incentivava-me e o Luís Paulo Rodrigues lá ficava preocupado com os meus textos dactilografados há máquina de escrever por causa da paginação do jornal; mas acabava sempre por dar aquele seu toque de saber jornalístico único e já reconhecido.
Se a cultura hoje pode ser considerada como o conjunto de traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afectivos que caracterizam uma sociedade ou uma comunidade, podemos dizer que a cultura abarca, além das artes e das letras, os modos de vida e os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valor, as tradições e as crenças, o jornal “Opinião Pública” cumpriu e tem cumprido a sua tarefa ao longo dos seus vinte anos de existência. Tem divulgado não só os escritores famalicenses, como igualmente os nacionais e os internacionais, abriu as suas páginas a escritores e a pensadores do Vale do Ave e das cidades circunvizinhas (por exemplo, Artur Coimbra, de Fafe, que escreveu sobre política e cultura, Santos Simões, de Guimarães, Pedro Leitão, de Braga, ou Manuel Lopes, da Póvoa de Varzim), as actividades culturais do Vale do Ave e de outras localidades alem fronteiras, algumas em parceria com o município famalicense, não esquecendo igualmente as tradições populares de Famalicão e do seu concelho (evidentemente e, sempre em foco, o nosso Santo António, com os trabalhos de investigação de Artur Sá da Costa, provando que as Festas Antoninas são já centenárias). Deu amplo destaque ao Ciclo Pensar os Pensadores (Alberto Sampaio e Antero de Quental), uma actividade organizada em parceria entre o município famalicense e a Sociedade Martins Sarmento, realizado em 1991, deu amplo destaque às homenagens nacionais de nascimento ao republicano famalicense Nuno Simões (1994), ou o mesmo acontecendo com a ampla referência à exposição “Uma Aproximação aos Autores Famalicenses”, assim como à respectiva “Antologia” (1998). Não esqueceu o património, as associações, existem polémicas culturais (do papel da cultura na política) e literárias e uma faceta marcou o jornal na sua fase inicial: amplas entrevistas aos escritores (como igualmente a artistas plásticos) que então passavam por Vila Nova de Famalicão. É o caso de Mário de Carvalho, Maria Velho da Costa ou Maria Isabel Barreno, os primeiros escritores que ganharam o Prémio do Conto Camilo Castelo Branco. O jornal publicaria, então, as duas intervenções (relativamente a Mário de Carvalho e a Maria Isabel Barreno) de Manuel Simões. José Manuel Mendes, Eduarda Dionísio ou o nosso cineasta Manuel de Oliveira também se encontram no “Opinião Pública”; e, em 1999, a vinda de José Saramago a Vila Nova de Famalicão mereceu outro destaque ímpar, não só no jornal, como na própria revista, a qual apareceu a 30 de Novembro de 1995 e com o mesmo nome do jornal (o “Opinião Pública” reapareceu novamente como jornal semanal em 18 de Outubro de 1996, integrando a revista, que já não existe). [Gostava aqui de salientar o Centenário do Falecimento de Ana Plácido comemorado em Famalicão, em grande foco no jornal, o qual seria ainda elaborado por Manuel Simões, mas com Pinto de Castro nos trabalhos. Realço igualmente o suplemento que o jornal dedicou à inauguração da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, em 1992...].A internacionalização é em 1993 com a vinda de Jorge Amado a Braga. Com o andar do tempo, a cultura manifesta-se, nas páginas do jornal, simplesmente nas simples notícias das actividades culturais das instituições públicas e privadas, reservando, a partir de determinada altura, a penúltima página para o efeito. E hoje, como não poderia deixar de ser, o jornal digital, a FAMA TV, assim como a Digital FM, acompanham a história do presente para o futuro.







P. S. este texto, que vai sair no jornal na próxima quarta-feira, tem um lapso: o segundo discurso de manuel simões que publicou é sobre maria isabel barreno e não sobre maria velho da costa. aqui acrescento o centenário de falecimento de ana plácido e o número que o jornal publicou em 1992 dedicado à biblioteca municipal camilo castelo branco, a caminho do seu centenário, filha da república. apresento alguns trabalhos num filme que então foram publicados ao longo destes anos.








o zé povinho e joão medina



No âmbito da exposição que se encontra patente ao público no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, até 28 de Agosto, e que se chama Vida e Obra de Bordalo Pinheiro, organizada pelo Museu Bordalo Pinheiro, de Lisboa, e cedida a título de empréstimo, a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão e o Museu Bernardino Machado convidaram o Professor João Medina para proferir a comunicação Rafael Bordalo Pinheiro, inventor do mito nacional, Zé Povinho, estereótipo luso, a qual se realizará no próximo dia 8 de Julho, pelas 21h30, no Museu famalicense. Professor catedrático jubilado de História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, João Medina nasceu em Moçambique (1939), licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa (1966) e doutorou-se em Sociologia na Universidade de Estrasburgo (1970), tendo ensinado, de 1970 a 1974, na Universidade de Aix-en-Provence (França). Após a revolução portuguesa de 1974, regressou ao seu país, foi Director-Geral no Ministério da Comunicação Social (1975-1977), regressando depois ao ensino universitário. Jubilado em 2008. Ensinou ainda nas Universidades de Colónia (Alemanha), Pisa (Itália), USP (São Paulo, Brasil), Johns Hopkins University e Brown University (Estados Unidos) e fez conferências nos Estados Unidos da América do Norte, Espanha, Brasil (Universidades de Brasília, USP, Unicamp, Araraquara, Assis, etc.), Alemanha (Bona, Rostock, Francoforte e Colónia), Itália, França, Moçambique (Universidade Eduardo Mondlane), Israel, etc. Foi director da Revista da Faculdade de Letras de Lisboa (1993-1997), dirigindo desde 2002 a revista Clio. Dirigiu, de 2002 a 2005, o Centro de História da Universidade de Lisboa.
Colaborou como cronista no Diário de Lisboa (1968 em diante), Diário Popular (desde 1975), Diário de Notícias (a partir de 1974), na revista Seara Nova (1962-74), sendo, actualmente, colunista no Jornal de Letras. É autor de uma extensa obra distribuída pela historiografia, pelo ensaio literário e pelo romance. Dirigiu uma História de Portugal (15 vols, 1994; reed. 1998), tendo publicado ainda Salazar e os Fascistas (1979), Morte e Transfiguração de Sidónio Pais(1994), Eça e a Geração de 70 (Lisboa, 1980), Oh! a República!...(1990), As Conferências do Casino e o Socialismo em Portugal (1984), A Ilha está cheia de Vozes (romance, Lisboa, 1978), Reler Eça (Lisboa, 2002), Salazar, Hitler e Franco (Lisboa, 2000), Ulisses o Europeu (Lisboa, 2000), Memórias do Gato que ri (romance, Lisboa, 2002), Dois Exilados alemães (Cascais, 2003), Zé Povinho sem Utopia (Cascais, 2004), Ortega y Gasset no Exílio português (Lisboa, 2004), Auschwitz e Moscovo (Lisboa, 2006), Portuguesismo(s)(Lisboa, 2006), Náufragos do Mar da Palha (romance, 2006), , O “Presidente-Rei” Sidónio Pais (Lisboa, 2007), Caricatura em Portugal (Lisboa, 2008), etc.
Recorde-se que o Professor João Medina já colaborou com o Museu Bernardino Machado no catálogo Caricaturas Bernardino Machado e com o texto A Caricatura Política em Portugal: brevíssima sinopse histórica, em 2007.