sábado, 29 de janeiro de 2011

lídia jorge em famalicão

Lídia Jorge esteve ontem presente na sessão "Um Livro, Um Filme" em S. Miguel de Seide, no Centro de Estudos Camilianos. Apresentou o livro e o filme "A Insustentável Leveza do Ser", Kundera e Philip Kauffman a par. Seleccionei duas frases do livro, as quais dão para perceber a problemática no seu conjunto, quer do livro, quer do filme, segundo o que Kundera pretende explorar. No blog http://litfil.blogspot.com/ estarão lá algumas capas de alguns livros da escritora portuguesa e do escritor checo.



  • "O eterno retorno é uma ideia misteriosa de Nietzsche que, com ela, conseguiu dificultar a vida a não poucos filósofos: pensar que, um dia, tudo o que se viveu se háde repetir outra vez e que essa repetição se há-de repetir ainda uma e outra vez, até ao infinito! Que significado terá este mito insensato? / O mito do eterno retorno diz-nos, pela negativa, que esta vida, que há-de desaparecer de uma vez por todas para nunca mais voltar, é semelhante a uma sombra, é desprovida de peso, que, de hoje em diante e para todo o sempre, se encontra morta e que, por muito atroz, por muito bela, por muito esplêndida que seja, essa beleza, esse horror, esse esplendor não tem qualquer sentido."
  • "Que escolher, então? O peso ou a leveza? / Foi a questão com que se debateu Parménides, no século VI antes de Cristo. Para ele, o universo estava dividido em pares de contrários: luz-sombra; espesso-fino; quente-frio; ser-não ser. Considerava que um dos pólos da contradição era positivo (o claro, o quente, o fino, o ser) e outro, negativo. Esta divisão em pólos positivos e negativos pode parecer de uma facilidade pueril. Excepto num caso: o que é positivo: o peso ou a leveza? / Parménides respondia que o leve é positivo e o pesado, negativo. Tinha razão ou não? O problema é esse. Mas uma coisa é certa: a contradição pesado-leve é a mais misteriosa e ambígua de todas as contradições."
Milan Kundera


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