quarta-feira, 3 de agosto de 2011

josé de azevedo e menezes (1849-1938)




Figura grada da comunidade famalicense, amigo pessoal e um dos mais íntimos de V. N. de Famalicão de Bernardino Machado, assim como de Camilo, é filho de Manuel Carlos Cardoso de Meneses Barreto, da Casa de Portela, Guimarães, e de Teresa Maria Azevedo de Barros e Faria, da Casa do Vinhal, de Vila Nova de Famalicão. De nome completo José de Azevedo e Menezes Cardoso Barreto, por sucessão, herdou a Casa do Vinhal, o Solar dos Pinheiros, de Barcelos, e o Morgado de Pouve, situado na freguesia de S. Paio de Ceide, de Vila Nova de Famalicão. Foi Moço Fidalgo com exercício no Paço pelo alvará de 12 de Março de 1870 e Comendador da Ordem Pontifícia de S. Gregório Magno, pelo Breve Apostólico de 20 de Abril de 1904.








Ocupou alguns cargos de destaque em V. N. de Famalicão, dos quais se salienta o de Presidente da Câmara Municipal (1896-1898) e Presidente da Comissão de Homenagem Póstuma a Camilo Castelo Branco, chegando a criar a Casa-Museu de Camilo, tendo sido o seu primeiro director (1921-1924) por nomeação da Comissão Executiva da Câmara em sessão de 22 de Agosto de 1921. Neste âmbito, publicou "Camilo Homenageado" (1920), sendo o relatório da Comissão Promotora da Homenagem Póstuma. Publicou, igualmente, como director da Casa-Museu de Camilo, o "Relatório do Museu-Camilo" (1924). O livro "Camilo Homenageado: o escritor da graça e da beleza" recebeu as críticas mais elogiosas, caso de Júlio Brandão. Ainda à volta de Camilo, proferiu no Instituto Histórico do Minho, de Viana do Castelo, a conferência com o título "Retrato Grafológico de Camilo", em 1920. O "Estrela do Minho", de V. N. de Famalicão, em 30 de Maio, reproduzia, do jornal portuense "O Primeiro de Janeiro", nos seguintes termos a notícia da conferência: "Apresentou o retrato grafológico do glorioso escritor, explicando-o e demonstrando os assertos dos especialistas franceses com episódios da vida do eminente romancista e passagem de cartas do Mestre, relacionando-as com outras de literatos e políticos, que lhe dirigiam para Seide." Para além disso, "deu conta dos trabalhos da benemérita comissão da sua presidência para a organização do Museu Camilo, anunciando a abertura deste no próximo Setembro", assim como também "apresentou o livro que, por aquela ocasião, vai publicar, lendo algumas das suas páginas".





Em termos cívicos e sociais, foi o segundo provedor do Hospital de S. João de Deus (1880-1881), Presidente da Conferência de S. Vicente de Paulo e Director do Instituto Anti-Tuberculoso «Silva Maia». Os relatórios que então escreveu destas últimas instituições são valiosos, com dados historiográficos únicos, nomeadamente sobre a história do pão a Santo António. De realçar igualmente o projecto turístico para o Monte do Facho, cujo movimento cívico e social teve início em Setembro de 1923, com personalidades que, ao lado de José de Azevedo e Menezes, sendo então o Presidente da Comissão, tais como Alberto Veloso de Araújo, Monsenhor Torres Carneiro, o Padre Zeferino José Sampaio e Duarte Aguiar, pretenderam promover tal projecto não só a nível local, como também a nível nacional. Aliás, a brochura que Alberto Veloso de Araújo publicou em 1923 com o título "Os Melhoramentos do Monte-do-Facho em Famalicão: breves considerações acerca do turismo em Portugal e dos projectos daqueles melhoramentos", terá prefácio de José de Azevedo e Menezes.





Como publicista, a sua área de estudos situa-se principalmente no campo da genealogia, chegando a colaborar no "Arquivo de Ex- Libris Portugueses", fundado e dirigido por Joaquim de Araújo e publicado em Génova. Neste âmbito publicou "Ninharias" (1911). Homem de cultura, publicou em 1897 "Bibliografia Anteriana". Tem uma enorme colaboração em periódicos nacionais e famalicenses. tais como "O Direito", "A Palavra" (tendo sido um dos fundadores deste jornal portuense), "Novidades", "O Primeiro de Janeiro", "Correspondência do Norte", "Progresso Católico", "Estrela Povense", "Ocidente", Escólio", "Crença e Letras", "União Nacional", Comércio do Minho", "Conimbricense", "Semanário dos Filhos de Maria", assim como em "Lusitânia", sendo o seu editor Manuel Gonçalves Cerejeira, o futuro Cardeal do Estado Novo; e, no caso famalicense, colaborou em "A Alvorada", "Nova Alvorada", "Regenerador", "O Famelicense" e no "Estrela do Minho". Falta, neste momento, um inventário da sua colaboração para um estudo ainda mais exaustivo dos seus ideais e da sua mentalidade religiosa perante a época em que viveu. Neste âmbito, participou activamente em congressos católicos, desempenhando cargos em várias comissões e organizações de carácter público e social, impondo-se como orador.





Foi sócio correspondente da Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses, do Instituto de Coimbra, da Academia das Ciências de Portugal, membro da Sociedade Académica de História Internacional (Paris), sócio efectivo do Instituto Histórico do Minho, sócio Ordinário da Sociedade de Geografia de Lisboa, entre outras instituições.



BIBLIOGRAFIA



Ana Maria Bacelar de Azevedo e Menezes - "José de Azevedo e Menezes", Gentes da Terra, V. N. de Famalicão, 2006.


Vasco César de Carvalho - Aspectos de Vila Nova: a justiça, V. N. de Famalicão, 1947.





José de Azevedo e Menezes

Bibliografia Activa

Uma Aproximação

Imprensa



ALMANAQUE DO MINHO


"António Pereira da Cunha e Castro". In Almanaque do Minho para 1894. V. N. de Famalicão (1893), pp. 191-193.



A ALVORADA


"As Costelas do Sr. Visconde de Correia Botelho". In A Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 5 (1 Out. 1885), pp. 36-38.


"Bibliografia. "Encómio poético da cama", de Garrido e "O Atelier". In A Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 2, n.º 9 (Fev. 1887), pp. 71-72.


"Uma das glórias literárias do Sr. Visconde de Correia Botelho é, sem dúvida, a de iniciador, entre nós, da escola realista..." In A Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 2, n.º 10 (10 Mar. 1887), p. 3.


ESTRELA DO MINHO


"A Tuna da Associação de Classe dos Empregados de Comércio de Famalicão". In Estrela do Minho. V. N. de Famalicão, Ano 17, n.º 946 (19 Out. 1920), p. 2.



NOVA ALVORADA


"Álvaro de Castelões". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 1 (1 Mar. 1891), pp. 2-3.


"Um bombeiro benemérito do século XVI". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 3 (1 Maio 1891), p. 3.


"Vi-o pela primeira vez, há vinte e dois anos, no Porto, em casa do tio Azevedo, que lhe era muito afeiçoado.". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 4 (1 Jun. 1891), p. 18.


"Bibliografia. "Biblioteca Selecta Recreativa: colecção de romances dos melhores autores estrangeiros", oivremente traduzidos por A. de Lima (Coimbra, Livraria Moderna)". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 4 (1 Jul. 1891), p. 35.


"O Cancioneiro de Leão XIII". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º5 (1 Ago. 1891), pp. 39-40.


"Ninharias de Madrid à fronteira francesa". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 6 (1 Set. 1891), pp. 48-49.


"Ninharias". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 7 (1 Out. 1891), p. 57.


"Os linhagistas fazem nesão honrosa da família de Antero de Quental...". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 8 (1 Nov. 1891), pp. 72-73.


"Alto lá com o artigo". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 2, n.º 3 (1 Maio 1892), pp. 122-123.


"Ninharias". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 2, n.º 8 (12 Out. 1892), pp. 17-18.


"Gil Vicente", pelo Sr. Visconde de Sanches Faria". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 4, n.º 9 (1 Dez. 1894), p. 177.


"Bibliografia. Visconde de Sanches de Baena, "Bernardim Ribeiro". In Nova Alvorada. V. N. de Famalicão, Ano 5, n.º 8 (Nov. 1895), p. 64.


A PAZ


"Em Justa Defesa". In A Paz. V. N. de Famalicão, Ano 1, n.º 17 (16 Ago. 1919), p. 1.


"Cartas Inéditas de Camilo Castelo Branco a José de Azevedo e Menezes". In A Paz. V. N. de Famalicão, Ano 2, n.º 101 (2 Abr. 1921), p. 1; a Ano 2, n.º 105 (30 Abr. 1921), p. 1.


O REGENERADOR


"Festas Jubilares em Famalicão". In O Regenerador. V. N. de Famalicão, Ano 6, n.º 258 (8 Out. 1904), p. 1.


"A Igreja de S. Pedro de Rates". In O Regenerador. V. N. de Famalicão, Ano 6, n.º 292 (3 Jun. 1905), p. 1.




Amadeu Gonçalves

Do projecto literário "Dicionário de Literatura Famalicense: séculos XVIII a XX"

















1 comentário:

  1. Fiquei emocionado com esta homenagem ao meu avô -até porque penso ser o seu único neto vivo-. Obviamente conhecia as enormes virtudes do "velho senhor do Vinhal",mas confesso desconhecia alguns dos factos citados,tendo ficado feliz por os poder acrescentar à minha cultura familiar. Tive imensa pena de não ter podido estar presente por motivo de saúde,pelo que agradeço que alguém me informe se houve alguma publicação àcerca.

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