Apresentado pelo Dr. Artur Sá da Costa em representação do Vereador da Cultura e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, que não deixou de estar presente no final da sessão para cumprimentar o orador, Júlio Machado Vaz proferiu na “Noite dos Museus” uma conversa informal intitulada “Culto Privado”. Não só prestou uma homenagem ao bisavô, Bernardino Machado, o qual na família gera um “arco-íris de sentimentos” pelas imagens que são visionadas, como igualmente prestou a mesma homenagem aos pais. Evocando a temática da recordação, o pai de Júlio Machado Vaz surge como o catalisador da mesma conversa informal, assim como a mãe, e sempre como pano de fundo Bernardino Machado. Neste caso, a imagem do pai está bem viva, na medida em que acabou por organizar o espólio do avô que catalogava e organizava, dando informações a investigadores e a académicos, no sonho de um futuro museu. Recorde-se, aliás, que é este mesmo espólio a base fundadora do Museu Bernardino Machado, doado por seu pai à Câmara Municipal de V. N. de Famalicão. Considerando Elzira Machado Rosa a herdeira espiritual do mesmo espólio, na feitura do mesmo (recorde-se que Elzira Machado Rosa publicou “Bernardino Machado: protagonista da mudança”, 1991, e “A Educação Feminina na Obra Pedagógica de Bernardino Machado”, 1999, ambos os livros editados pela autarquia famalicense), a conversa arrastou-se pela antropologia médica e pelos valores humanos, muitas vezes esquecidos pelos próprios médicos.
Aqui, destaca-se a multidisplinariedade dos saberes de Bernardino Machado, relativamente ao saber de hoje, mais especializado, um dos problemas da sociedade contemporânea, já que a especialização desumaniza. Para Júlio Machado Vaz, a sociedade de hoje que não comporta já os “ismos”, uma sociedade laicizada, a saúde e a medicina surgem como pano de fundo moral, existindo aqui, contudo, algo de paradoxal, a própria desumanização da saúde e da própria medicina. Se contra factos não há argumentos, e aqui diz que o bisavô Bernardino Machado gostaria de ouvir isto, é que há interpretações.
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