sábado, 5 de março de 2011

aquilino, o irreverente

Um aspecto da exposição de Aquilino Ribeiro no Museu Bernardino Machado



  • "A geração a que pertenço nasceu revolucionária, as gerações que alvoreceram depois de mim revolucionárias foram."

  • "Era ponto de fé, para lá do postulado, que a regeneração do País só poderia fazer-se derrubando a Monarquia."

Aquilino Ribeiro





A mesa: o Prof. Henrique Almeida, Dr. Artur Sá da Costa, em representação do Vereador da Cultura Dr. Paulo Cunha, e o Prof. Norberto Cunha, coordenador científico do Museu Bernardino Machado

  • No âmbito das comemorações da implantação da República em Portugal, a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão e o Museu Bernardino Machado convidaram o Prof. Henrique Machado para proferir a conferência "Aquilino Ribeiro: entre a Monarquia e a República", a qual decorreu no dia 4 de Março no mesmo Museu pelas 18h30. Esta conferência serviu como propósito explicativo da exposição que está patente no referido Museu denominada "Homenagem a Aquilino: Aquilino desconhecido", organizada pelo Centro Cultural Paredes de Coura. Em representação do Dr. Paulo Cunha, Vereador da Cultura e Vice-Presidente da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, o Dr. Sá da Costa ao referir as linhas orientadores do Museu Bernardino Machado, focou o espaço do mesmo Museu como um espaço para o debate das ideias e para o espírito crítico, para além do sentido de investigação inerente ao respectivo Museu. Tem sido o debate de ideias e o seu espírito crítico que tem caracterizado a existência do Museu Bernardino Machado nos seus dez anos de actividade, os quais se comemoram este ano, permitindo reescrever a História de Portugal. Nesta situação, foi o caso recente da apresentação do livro da historiadora Fina d`Armada, a qual fez referência ao papel das mulheres não só perante o ideal republicano, como igualmente na luta pelos seus direitos cívicos, focando o papel de Elzira Dantas Machado (mulher de Bernardino Machado) e de sua filha Rita Dantas Machado. Por seu turno, o prof. Norberto Cunha, que apresentou o conferencista, não quis deixar de agradecer publicamente ao Vereador da Cultura, o facto do apoio prestado pelo município famalicenses a esta conferência, assim como às próximas que se realizarão no âmbito das exposições de Bordalo ou da caricatura na política. Um dos próximos conferencistas realçados pelo Prof. Norberto Cunha foi o nome do prof. João Medina.




O Prof. Henrique Almeida, no momento da sua intervenção
  • Henrique Almeida, Professor na Universidade Católica e Docente no Instituto Politécnico de Viseu, para além de outras actividades e um dos maiores especialistas em Portugal da obra de Aquilino Ribeiro, e director dos "Cadernos Aquilinianos", proferiu a comunicação intitulada "Aquilino entre a Monarquia e a República", baseando-se particularmente no friso cronológico de Aquilino nos bastidores da República, entre 1900 a 1910. Dizendo inicialmente que o que as comemorações da República em Portugal trouxeram foi a redescrição ou a reconstrução interpretativa da mesma República, o jovem Aquilino, na sua ida para Lisboa, encontrou uma cidade em plena efervescência revolucionária, com uma agitação social perpetuada por dissidentes progressistas e republicanos, imbuídos teoricamente pelo positivismo. Este foi o palco inicial de Aquilino Ribeiro, cujos primeiros trabalhos como escritor foram na imprensa, iniciando-se com duas ficções breves no jornal de Olhão "Cruzeiro do Sul" (1903).

O Prof. Henrique Almeida, no momento das ofertas das publicações do Centro de Estudos Aquilino Ribeiro ao Museu Bernardino Machado
  • A colaboração sistemática de Aquilino na imprensa é iniciada principalmente em 1907, possuindo os seus textos um conteúdo entre o ficcional e o sociológico para a compreensão da implantação da República em Portugal. Para além do folhetim mais violento que publicou, durante o seu exílio interno, devido às suas ligações próximas à Carbonária e à Maçonaria, denominado "Os Bandidos da Serra da Gadanha", com um crivo sarcástico aos políticos monárquicos, antes da sua ida para Paris publica na "Ilustração Portuguesa" (em 27 de Abril de 1908, texto que aqui reproduzo, retirado da Hemeroteca, chamando a atenção o Prof. Henrique Almeida para a nota da redacção) o texto "As Feiras", apesar de alguma hesitação da própria revista em o publicar, devido ao impacto político-social da imagem do então jovem escritor. Conclui Henrique Almeida que se nesta fase Aquilino Ribeiro foi caracterizado como tendo sido um homem de acção, o cronista e o ficcionalista dos bastidores da República, os seus textos de Paris serão marcados principalmente por uma certa incidência estética, evocando a sua ética intelectual, liberdade de pensamento e crítica aberta. No debate, aberto ao público, a questão era inevitável: se Aquilino Ribeiro esteve ou não directamente envolvido no Regicídio. Para Henrique Almeida, é um facto as relações próximas que Aquilino mantinha com alguns membros da Carbonária, nunca se assumindo, contudo, nem se reconhecendo perante algumas acções mais extremas da própria Carbonária. Aliás, Aquilino tentou conter alguns excessos, condenando o próprio Regicídio.

  • No final da sessão, o Professor Henrique Almeida ofereceu ao Museu Bernardino Machado os "Cadernos Aquilianos", desde o n.º 5 até ao n.º 19 (o primeiro número é de 1992) e os livros de Carina Infante do Carmo e de Luís Vidigal, respectivamente "Adolescer em Clausura" (1998) e "Imaginários Portugueses" (1992), publicações do Centro de Estudos de Aquilino Ribeiro.























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