quarta-feira, 2 de março de 2011

leitura pública


"A biblioteca municipal de V. N. de Famalicão foi inaugurada a 5/X/1913, no quadro das celebrações locais do 3.º ano da implantação da República. Materializava-se assim uma decisão do ano anterior da edilidade local republicana (presidida pelo senador Sousa Fernandes), surgida na sequência duma circular do Governo Civil do Porto «chamando a atenção para a reorganização dos serviços de bibliotecas e arquivos nacionais». Durante esse intervalo de tempo, aprova-se o nome de Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco (enquanto tributo ao filho da terra...), solicitam-se doações de particulares via jornal O Porvir (apelo correspondido por personalidades republicanas como Alberto Pimentel, Bernardino Machado, Júlio Brandão, Manuel Monteiro, Mendes dos Remédios, Nuno Simões, Eduardo Carvalho e o próprio Sousa Fernandes) e organiza-se o catálogo e o regulamento dos serviços. A biblioteca aranca com um acervo documental de 2439 volumes, sobretudo obras literárias, destacando-se as da «geração de 70» (Eça, Antero e Fialho) e de Camilo, com 136 títulos. O seu horário não era o mais adequado (20-22h em Março-Agosto, 19-21h nos outros meses), mas ao permitir o empréstimo domiciliário ia ao encontro do «propósito [regulamentar] de disseminar a instrução pública por meio da Leitura de livros de reconhecida utilidade.»" (73-74).
Observações. Neste breve resumo da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, faltou apenas referir o primeiro bibliotecário, também ele republicano, Henrique Garcia Pereira Martins (já aqui coloquei a sua biografia e o seu retrato), cuja nomeação foi em 28 de Dezembro de 1912; e, não nos podemos esquecer, que a doação não foi só de livros, como também foi monetário e de material, e, algo muito importante, a doação, no caso dos livros, não se cingiu apenas aos republicanos: os monárquicos também fizeram excelentes doações. Se houve localidade, outras não conheço, em que republicanos e monárquicos estiveram juntos foi precisamente na cultura, caso não só na constituição da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, como igualmente na Comissão de Homenagem Póstuma a Camilo Castelo Branco (Presidente José de Azevedo e Menezes), cuja Comissão tinha o papel da reconstituição da Casa de Camilo após o incêndio de 1915. O Presidente da Assembleia da Comissão Promotora foi o Visconde de Pindela, também um dos doadores de livros para a futura Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, entre outros.



I
Formar Cidadãos: ideários, propostas e debates
II
Do ideal à Prática: quadro e resultados da política sectorial
III
Para Além do Estado: o contributo da sociedade civil organizada
IV
À Procura de Leitores

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