"A História de Portugal é preciso inventá-la, senão a escola do Alexandre Herculano tira-nos o apetite de saber."
Camilo
A citação em epígrafe, dizer de Camilo ao seu amigo Castilho numa carta com a data de 23 de Dezembro de 1886, a propósito do seu romance histórico "O Senhor do Paço de Ninães", ficção "destes sítios, velharia de há 250 anos, com ares históricos e carapetão bravio, história à Dumas, muito mais exacta e esclarecida que a História à Rui de Pina", vem a propósito do primeiro livro de Maria Antonieta Costa, como o título "O Segredo de Afonso III". Na capa do mesmo livro temos a seguinte informação historiográfica, quase em espécie de subtítulo: "A descoberta de um pergaminho. O mistério da morte do único Papa português. Os vícios de um Rei". Maria Antonieta Costa, segundo informação que o livro nos oferece, nasceu em Vila Nova de Famalicão. Tem um Mestrado em História e Cultura Medievais e tem dedicado a sua vida ao ensino e à investigação. É professora de História na Escola Secundária D. Sancho I, de Vila Nova de Famalicão, e membro da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais. Só faltou na informação que é sócia da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática. Mais uma personalidade da literatura famalicense para o meu projecto "Dicionário de Escritores Famalicenses: séculos XVIII a XXI". Coloco aqui as primeiras linhas deste romance histórico publicado pela editora de Lisboa Clube do Autor, no corrente ano.
"- Mas quem é essa Madragana Bem... quê? - interrogou o monge, com indiferença, vendo cair mais um pingo de tinta sobre o seu hábito negro, sujo e ruçado pelo uso.
- Bennnnn... - pronunciou Petrilino, repetindo o son «n». - Ben Bekar, Excelência. É a barregã moura do rei!
- Dizes isso com uma ênfase?! -Porquê? É assim tão importante ser-se barregã do rei?
- Claro que é! É famosa por isso mesmo.
- Pois eu não acho nada importante e muito menos que seja facto que se deva saber. A quem é que isso interessa? - retorquiu, ofendido na sua imensa sabedoria, o sábio doutor em leis da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
- Passais o dia aqui fechado, no meio deste bafio, a debitar leis e mais leis, mas eu sei que sabeis - refilou o criado. - Se toda a gente sabe quem ela é! Há anos que vive na Corte..." (9)
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