No âmbito do Centenário da Implantação da República em Portugal, a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão e o Museu Bernardino Machado convidou Henrique Almeida, da Universidade Católica de Viseu, para proferir a conferência “Aquilino Ribeiro entre a Monarquia e a República”, a qual irá decorrer no dia 4 de Março do corrente ano pelas 18h30 no respectivo Museu. A conferência encontra-se relacionada com a exposição que está patente no Museu Bernardino Machado denominada “Homenagem a Aquilino: Aquilino Desconhecido”, organizada pelo Centro Cultural de Paredes de Coura e integrada na actividade “A República em Paredes de Coura”. A exposição dedicada a Aquilino Ribeiro é composta por doze telas que apresentam uma cronologia da vida e da obra do escritor através de textos, ilustrações documentais e fotografias do escritor em diferentes fases da sua vida.
Doutorado pela Universidade Católica Portuguesa em Línguas e Literaturas Modernas com a tese “Aquilino Ribeiro, entre Jornalismo e Literatura” (2001), Henrique Almeida é Mestre em Cultura Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa, Pós-Graduado em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior e Diplomadp pela Faculdade de Letras de Coimbra em Estudos de Política Cultural e Autárquica. É, actualmente, professor na Universidade Católica e Docente convidado no Instituto Politécnico de Viseu. Para além da coordenação do Grupo de Missão do projecto do Museu Municipal de Viseu (2007-2010), tem não só dirigido projectos culturais e educativos, como igualmente editado várias publicações na área da literatura portuguesa, do património cultural e da história local. Dos seus estudos salientamos “Aquilino Ribeiro e a Crítica: estudo sobre a obra aquiliana e sua recepção crítica” (1993) ou “Aquilino Ribeiro: o fascínio e a escrita da Terra” (2003). Dirige a revista desde 1992 “Cadernos Aquilianos”, a qual é editada pelo Centro de Estudos Aquilino Ribeiro, tendo sido um dos sócios fundadores do respectivo centro. A proposta de Henrique Almeida é a de abordar algumas questões sociais e ideológicas que marcaram a primeira década do século XX, centrando-se na intervenção militante do jovem Aquilino Ribeiro na defesa dos ideais republicanos, levando-o a colaborar na imprensa da época, caso de “A Vanguarda”, a “Ilustração Portuguesa”, a “Alma Nacional” e “A Beira”.
Os dois volumes que aqui apresento vão ao encontro da conferência aqui referida. Acaba por ser uma sugestão de leitura. Foram organizados por Jorge Reis, e publicados pela editora Vega em 1988. Dizem respeito aos três exílios de Aquilino Ribeiro em Paris, cuja cronologia Reis assim adoptou: no primeiro volume, surgem textos de Aquilino entre 1908 a 1914, e, por seu turno, no segundo, textos publicados na imprensa entre 1927-1928 e 1928-1931, caso da “Ilustração Portuguesa”. “A Beira”, “Alma Nacional”, “A Capital, “A Vanguarda” e “Ilustração”. Ambos os volumes contêm uma cronologia perante as datas respectivas, com os acontecimentos quer em França quer em Portugal e no 2.º volume, para além do índice onomástico, surgem notas adicionais, com biografias interpretativas à volta das personalidades que vão aparecendo nos textos de Aquilino. Aquilino, nestes textos, evoca-nos a crise da literatura, as convulsões e as mutações sociais, os artistas portugueses em Paris, a vida parisiense (cultural, escrevendo, por exemplo, sobre Henri Bergson), ou, a seguir à implantação da República em Portugal, da vida social e política portuguesa. Uma vez mais, conforme tenho feito referência, o desenho de Leal Câmara publicado em “L`Assiette au Beurre”, a 22 de Outubro de 1910, número consagrado à implantação da República em Portugal, evoca uma República masculinizada e guerreira, já não aquela República feminina angelical e transcendente antes da Revolução, com ideais inspirados no quadro de Delacroix. A imagem simbólica inicial foi adulterada pela imprensa me pelos próprios artistas.
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