sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

as mulheres na república

Para o Dr. Manuel Machado Sá Marques, com um grande abraço de fraterna amizade


  • No âmbito do Centenário da Implantação da República em Portugal, vai ser apresentado no Museu Bernardino Machado o livro de Fina D`Armada com o título “As Mulheres na Implantação da República”, no dia 28 de Fevereiro pelas 16h30. A organização do evento cabe à instituição CIVITAS-Delegação de Braga. A apresentação do livro e da autora será de Adília Fernandes, investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória/Universidade do Minho e do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade/Universidade do Porto. Tem colaborado no “Boletim Cultural” da autarquia famalicense, particularmente na 3.ª série, com estudos sobre o feminismo e a condição da mulher em Portugal. Pretendendo com a obra “As Mulheres na Implantação da República” edificar o retrato das mulheres de norte a sul do país que tiveram algum papel no processo de implantação da República”, realçando, ao mesmo tempo, “as lutas femininas colectivas ou isoladas para a instauração de um novo regime, depositando nessa mudança o desejo de melhoria da sua condição”, Fina D`Armada, natural de de Riba de Âncora (Caminha, distrito de Viana do Castelo), é licenciada em História e Mestre em “Estudos sobre as Mulheres” pela Universidade Aberta. Equiparada a bolseira pelo INIC (1977-1979), é autora em obras individuais e colectivas sobre fenomenologia, história das mulheres, história local e descobrimentos. A sua obra “Mulheres Navegantes no tempo de Vasco da Gama” recebeu o prémio “Mulher Investigação Carolina Michaeles de Vasconcelos, 2005”. Em 24 de Julho de 2010, a Câmara de Caminha condecorou Fina D`Armada com a Medalha de Mérito Dourada “por uma vida inteira dedicada às letras, às mulheres e à singularidade de fazer a diferença.” Foi homenageada em 17 de Outubro de 2010 pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), por uma vida “dedicada à causa das mulheres”. Elza Pais, Secretária de Estado da Igualdade, que prefacia o livro “As Mulheres na Implantação da República”, diz-nos que nesta obra, Fina D`Armada convida-nos a uma viagem contra a invisibilidade das mulheres na luta pela implantação da nossa centenária República.” Fina D`Armada, que tem algumas das suas obras traduzidas e publicadas em espanhol, francês e inglês, realizará uma conferência intitulada “As Mulheres na República”. Após a apresentação do livro e da autora, assim como da conferência, irá realizar-se uma homenagem a Elzira Dantas Machado (mulher de Bernardino Machado) e sua filha, Rita Dantas Machado, destacadas activistas da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e dos Direitos das Mulheres. O Dr. Manuel Machado Sá Marques, neto e filho das homenageadas, irá proferir um depoimento. No final, haverá um momento musical pelos alunos da Fundação Castro Alves/CCM/ARTAVE.

Rita Dantas Machado
  • Ainda recentemente no Museu Bernardino Machado, o prof. Fernando Catroga na conferência que realizou intitulada "As Mulheres na República", e integrada no IV Ciclo de Conferências denominado "As Mulheres e a I República", ao evocar o escol ou a élite de activistas feministas que apareceram com uma clara politização, realçou o papel de Elzira Dantas Machado (Rio de Janeiro, 15 Dezembro 1865; Porto, 21 Abril 1942). Neste sentido, desenvolveu grande actividade cívica em prol dos direitos da mulher e dos ideais republicanos e patrióticos, militando na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, presidindo à Associação de Propaganda Feminista e na Cruzada das Mulheres Portuguesas, esta fundada por sua iniciativa para apoiar os soldados e as suas famílias na 1.ª Grande Guerra Mundial. Escreveu o livro "Contos" (V. N. de Famalicão, 1938), dedicando-os aos seus netos, o qual foi recentemente reeditado em Paredes de Coura no âmbito das comemorações da ímplantação da República em Portugal, na actividade "A República em Terras de Coura", numa edição ilustrada por José Emídio e prefaciada por Aquilino Ribeiro Machado (2010). Existe igualmente deste livro de Elzira Machado uma tradução para espanhol intitulada "Cuentos para mis netos" (2010), tradução da advogada colombiana naturalizada cidadã portuguesa Martha Esperanza Ramos de Echandía, contendo um texto introdutório de Manuel Sá Marques, o qual, neto de Elzira Machado, a evoca nos seguintes termos: "Minha avó viveu no Porto desde os cinco anos de idade. Ali recebeu a sua educação e instrução que naquela época era dada às filhas de famílias da "alta burguesia": aprendeu de uma "forma esmerada" tudo o que necessitava para o matrimónio e à vida familiar, e, ao mesmto tempo, estudou literatura portuguesa e de outros países e aprendeu línguas estrangeiras, falava fluidamente o francês e o inglês. / [...] Uniu toda a sua formação humanista que recebeu com a que encontrou em Bernardino Machado, com quem se casou e educou uma descendência de dezanove filhos. Acompanhou o seu marido nas suas actividades de pedagogo e de homem de estado, tanto em Portugal como no estrangeiro."

Elzira Machado Dantas



Cruzada das Mulheres Portuguesas



  • No caso de Rita Dantas Machado (1888-1970), mãe de Manuel Sá Marques, participou activamente e civicamente na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e na Associação de Propaganda Feminista. Transcrevo um extracto do "Dicionário no Feminino", citação que se encontra no texto de Manuel Sá Marques intitulado "A Greve Académica de 1907 - sua relação com a constituição da família Machado Sá Marques" ("Boletim Cultural". V. N. de Famalicão, 3.ª série, n.º 3/4, 2007/2088, pp. 319-324), a propósito de Rita Dantas Machado: "... foi, entre 1910 e 1911, das principais activistas das associações femininas, tendo desempenhado cargos na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e na Associação de Propaganda Feminista. Logo na primeira assembleia-geral da Liga Republicana das Mulheres, realizada em Fevereiro de 1909, foi eleita secretária da direcção e, nos dois anos seguintes, ocupou o lugar de tesoureira. Participou nas inciativas políticas mais relevantes que contribuíram para a consolidação da organização, tendo secretariado reuniões em 1909 e 1910 e assinado diversos documentos, como a mensagem dirigida ao Congresso Republicano que decorreu em Setúbal, em Abril de 1909; a saudação endossada ao novo Directório do Partido Republicano Português; o reconhecimento a José Relvas, em Julho de 1910, pelos serviços prestados ao ideal republicano; ou a congratulação pela adesão de Miguel Bombarda ao PRP. Também integrou o primeiro núcleo de feministas que pugnaram pelo sufrágio feminino e pertenceu á comissão criada no seio da Liga em Dezembro de 1910 para se fazer a sua propaganda. Saudou o ministro das finanças, José Relvas, por ter admitido mulheres nos empregos do Estado e, em Fevereiro de 1911, assinou a Representação entregue pela Comissão de Propaganda Feminista a Teófilo Braga, onde se reivindicava o voto para a mulher economicamente independente. Com posições próximas de Ana de Castro Osório, e na sequência de divergências no interior da Liga, demitiu-se em Abril de 1911, do cargo de tesoureira e integrou a equipa fundadora da Associação de Propaganda Feminina, sendo uma das suas vogais, juntamente com Irene Zuzarte. Em Julho de 1911, assinou a representação que a nova agremiação enviou à Assembleia Nacional Constituinte, pedindo que a lei do país contemplasse o voto estrito para a mulher."

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