GUIMARÃES, Miguel Luís Machado
(Lisboa, 15/02/1882; Calendário, V. N. de Famalicão, 03/03/1968)
Professor catedrático e pedagogo. Filho de Bernardino Luís Machado Guimarães e de Elzira Dantas Machado. Em 1955, a 1 de Outubro, o "Jornal de Famalicão" evoca-o nos seguintes termos, como sendo um dos filhos mais ilustres de V. N. de Famalicão: "Famalicão habituou-se, há muitos anos, a respeitar este distinto professor do ensino maior e a considerá-lo como umdosfilhos mais ilustres. / De uma simplicidade que confrange agradavelmente qualquer sensibilidade, ele traz consigo, dentro de si... as virtudes ancestrais de uma família que havia de guindar ao mais alto lugar da Nação um dos seus membros. / Não podemos debruçar sobre a alta estirpe do professor universitário - que nem a circunstância nem o espaço de que dispomos comportariam tão vasta descrição crítica. / Apontamos uma figura grandemente popular no meio que o estremece." Palavras proferidas, assim o supomos, por Rebelo Mesquita. Miguel Machado começou os seus estudos em Lisboa, frequentando a escola primária na rua da residência dos seus pais. A partir de 1898 foi frequentar o Instituto Sebleur, em Zurique, na Suíça. Formou-se em engenharia de máquinas. Durante a sua formatura fez vários estágios na S. A. Broun Boveri C.ª & Baden, na Suíça. Desenvolveu, mais tarde, a sua actividade profissional na Alemanha. Em 1905 foi recrutado para o exército, tendo sido então dispensado para continuar os estudos. Regressou em Portugal em 1918, em plena ditadura militar de Sidónio Pais, com o pai no seu 1.º exílio. Leccionou nas seguintes escolas como professor provisório: Liceu de Camões, entre 1908 até 1913; no Liceu Pedro Nunes, entre 1909 a 1910 e no Liceu Rodrigues de Freitas, entre 1916 a 1917. Em 1915, a 3 de Dezembro, é nomeado 1.º Assistente Provisório da Faculdade Técnica da Universidade do Porto (F. T. U. P.). Em 1916 é nomeado assistente da mesma Faculdade e em 1919 professor ordinário. A 14 de Janeiro de 1927 é nomeado Doutor em Engenharia com o n.º 61, assim estando patente no registo de Doutores da Universidade do Porto. Entre 1927 a 1954 exerceu a sua actividade de docência como Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia do Porto. Chegou a ser director da mesma Faculdade em 1947, assim como também chegou a ser director da biblioteca da mesma instituição.
O "Jornal de Famalicão", em 6 de Fevereiro de 1954, noticia nos seguintes termos a homenagem que a Faculdade de Engenharia do Porto então lhe preparava: "... por motivo de ter atingido o limite de idade, é solenemente homenageado na Universidade do Porto, o nosso querido amigo e ilustre conterrâneo, sr. dr. Miguel Machado, filho do antigo Presidente da República sr. dr. Bernardino Machado e prestigioso lente daquele estabelecimento de ensino. / Uma comissão de antigos e actuais alunos do estimado mestre, projecta... uma significativa homenagem, como prova inequívoca do seu labor docente durante 40 anos. / Assim, à sala onde lecciona o querido professor, passará a ter o seu nome e ao descerramento da placa assitindo as maiores individualidades. / O sr. prof. Dr. Miguel Machado profere a sua última lição." O mesmo jornal, já no fim da notícia, informa os seus respetivos leitores que se associa à respectiva homenagem e, desta vez em 20 de Fevereiro, realiza o seguinte relato: "Naquela Faculdade foi-lhe prestada uma significativa homenagem, à qual se associaram o reitor e o antigo reitor, respectivamente o sr. professor Amândio Tavares e coronel Adriano Rodrigues, professores, directores das faculdades e antigos alunos, etc., após a sua última prelecção, a fim de mais de 38 anos de funções universitárias. / Na sala onde nos últimos anos o professor dr. Miguel Machado leccionou, foi descerrada, pela sua netinha Eva Maria Barbosa Machado, uma lápide com o nome do ilustre catedrático." Miguel Machado colaborou na Revista da Faculdade de Engenharia do Porto, no jornal de V. N. de Famalicão "Estrela do Minho" e depois "Estrela da Manhã" e no "Jornal de Paredes de Coura". Nas duas "Estrelas" de Famalicão manteve uma colaboração notável com temas pedagógicos entre 1956 a 1966, realçando os seguintes títulos: "Sobre o Ensino Geral e Técnico em Portugal" (1958)", "Centro de Expansão e Cultura Infantil e Primária" (1960); "Política Escolar" (1960); "Transicção da Escola Infantil para a Primária: estudos e doutrinas" (1961), "Deus na Escola" (1962); "Educação da Cidadania Cristã" (1962), "Da Preparação do Mestre e sua Acção e Criação na Escola" (1963), "A Filosofia do Povo" (1965), "Religião e Ética na Escola" (1965), "A Ética do Ensino na Escola" (1966). Fez parte de várias comissões para o estudo de barragens e de siderurgia, tendo tomado parte em vários congressos da sua especialidade e presidiu aos Congressos dos Intelectuais de Portugal-Galiza. Projectou a Fábrica de Manteiga pertencente ao seu avô Miguel Dantas, em Paredes de Coura.
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